Autor: Aldous Huxley
Editora: Antígona
Nº de páginas: 320
Sinopse:
Admirável Mundo Novo" é uma parábola fantástica sobre a desumanização dos seres humanos. Na utopia negativa descrita no livro, o Homem foi subjugado pelas suas invenções. A ciência, a tecnologia e a organização social deixaram de estar ao serviço do Homem; tornaram-se os seus amos. Desde a publicação deste livro, o mundo rumou a passos tão largos na direcção errada que, se eu escrevesse hoje a mesma obra, a acção não distaria seiscentos anos do presente, mas somente duzentos. O preço da liberdade, e até da simples humanidade, é a vigilância eterna.
A primeira vez que ouvi falar de distopias clássicas fiquei curioso para saber quais as diferenças para com as distopias adolescentes, como "The Hunger Games" e "Divergent", que tanto sucesso fazem nos dias de hoje. "1984" foi a primeira a ser lida e fiquei maravilhado com a qualidade da obra de Orwell! Portanto, o apetite para ler mais distopias clássicas aumentou e, verdade seja dita, a Maratona Literária de Inverno 2015 propiciou essa vontade!
"Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, foi publicado pela primeira vez em 1932 e narra um futuro onde as pessoas são feitas e criadas para serem felizes. Quem não gostaria de viver assim? O problema é que essa felicidade é falsa, porque todas as pessoas que são concebidas em laboratório, que nem bebés proveta, são condicionadas por uma educação que os faz amar "o destino social a que não podem escapar", não havendo propriamente uma liberdade de escolha.
Sendo o ser humano gerado de forma não tradicional, a conceção de família não existe, porque ninguém conhece os seus pais já que são feitos em laboratórios e todos iguais ― cópias de cópias. Além disso, alguns deles nascem inférteis para impedir a continuação vivípara da humanidade e, eventualmente, possíveis sentimentos pelos filhos.
Para destoar ainda mais isso, desde cedo as crianças aprendem que todos pertencem a todos, daí serem incentivadas a ter práticas sexuais, para se habituarem a trocar, já em adultos, de parceiros passado pouco tempo. Ter uma relação com mais de quatro meses é considerado mau aos olhos da sociedade. As pessoas são "obrigadas" a trocar de parceiro e a não amarem. E como foram educadas nesses termos, para elas é perfeitamente normal a existência de orgias e terem vários relacionamentos no espaço de uma semana. Afinal de contas, e volto a citar, "cada um pertence a todos". Com isto, o amor pelo outro nem existe. É considerado repugnante! Ninguém se atreve a amar. Se hoje em dia, no século XXI, são poucos os que ousam amar, imaginem no futuro!
Uma coisa que me assustou, prende-se com o facto de lidarem com a morte com uma naturalidade medonha. Todos sabem que a partir de certa idade deixam de ser úteis e estão totalmente conscientes disso. A morte é apenas mais um passo a cumprir. E não será mesmo? Enfim, todos eles têm noção que são um produto com prazo de validade e isso é arrepiante, porque, de certa forma, torna-os desumanos por terem esse tipo de pensamento.
Todo o universo criado por Huxley e as ideias que o sustentam são fantásticas, mas a obra peca pela falta de ação. Por vezes, tive a sensação de estar a ler um ensaio sobre um hipotético futuro. Isso é ainda mais visível pela falta de um protagonista fixo ao longo do enredo. O autor focou-se demais nas ideias do universo, do que nas personagens em si. Não que elas estejam mal desenvolvidas, não, mas senti que no desenrolar da estória, apareceram vários protagonistas em certos momentos que noutros foram apenas meros figurantes. Talvez por não estar habituado a isso, achei estranho. Introduzir personagens criadas de maneira diferente das iniciais apresentadas mexeu com a ideologia concebida pelo governo e criou um conflito de valores e isso foi agradável de se ver, principalmente porque me senti na pele do Selvagem. Ainda assim, gostava de ter visto mais ação nesse confronto. Parece que as personagens se conformaram com o modo de vida deles e, os estranhos, aos seus olhos, são apenas atrações de circo.
George Orwell, autor de "1984", foi aluno de Aldous Huxley e comparando as duas obras, a minha preferida continua a ser a do primeiro, pois o autor utiliza as personagens para dar a conhecer o mundo e não o contrário, como fez o outro. É caso para dizer que o aluno ultrapassou o mestre. A edição do livro que comprei, veio acompanhada de uma resposta a uma carta que Orwell escreveu para o professor. Huxley afirma que o mundo de "1984" é o mais provável de acontecer em primeiro e só depois o seu. Eu concordo totalmente com ele! O mundo de "Admirável Mundo Novo" é uma continuação do de "1984", pois se no primeiro é inconcebível pensar, no segundo os sentimentos praticamente deixam de existir. Ora vejamos... Se deixarmos de pensar, consequentemente deixamos de sentir. Ou será o contrário? Digam a vossa opinião! Qual será o que vai ser primeiro controlado na nossa sociedade? Os pensamentos ou os sentimentos?
"Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, foi publicado pela primeira vez em 1932 e narra um futuro onde as pessoas são feitas e criadas para serem felizes. Quem não gostaria de viver assim? O problema é que essa felicidade é falsa, porque todas as pessoas que são concebidas em laboratório, que nem bebés proveta, são condicionadas por uma educação que os faz amar "o destino social a que não podem escapar", não havendo propriamente uma liberdade de escolha.
Sendo o ser humano gerado de forma não tradicional, a conceção de família não existe, porque ninguém conhece os seus pais já que são feitos em laboratórios e todos iguais ― cópias de cópias. Além disso, alguns deles nascem inférteis para impedir a continuação vivípara da humanidade e, eventualmente, possíveis sentimentos pelos filhos.
Para destoar ainda mais isso, desde cedo as crianças aprendem que todos pertencem a todos, daí serem incentivadas a ter práticas sexuais, para se habituarem a trocar, já em adultos, de parceiros passado pouco tempo. Ter uma relação com mais de quatro meses é considerado mau aos olhos da sociedade. As pessoas são "obrigadas" a trocar de parceiro e a não amarem. E como foram educadas nesses termos, para elas é perfeitamente normal a existência de orgias e terem vários relacionamentos no espaço de uma semana. Afinal de contas, e volto a citar, "cada um pertence a todos". Com isto, o amor pelo outro nem existe. É considerado repugnante! Ninguém se atreve a amar. Se hoje em dia, no século XXI, são poucos os que ousam amar, imaginem no futuro!
Uma coisa que me assustou, prende-se com o facto de lidarem com a morte com uma naturalidade medonha. Todos sabem que a partir de certa idade deixam de ser úteis e estão totalmente conscientes disso. A morte é apenas mais um passo a cumprir. E não será mesmo? Enfim, todos eles têm noção que são um produto com prazo de validade e isso é arrepiante, porque, de certa forma, torna-os desumanos por terem esse tipo de pensamento.
Todo o universo criado por Huxley e as ideias que o sustentam são fantásticas, mas a obra peca pela falta de ação. Por vezes, tive a sensação de estar a ler um ensaio sobre um hipotético futuro. Isso é ainda mais visível pela falta de um protagonista fixo ao longo do enredo. O autor focou-se demais nas ideias do universo, do que nas personagens em si. Não que elas estejam mal desenvolvidas, não, mas senti que no desenrolar da estória, apareceram vários protagonistas em certos momentos que noutros foram apenas meros figurantes. Talvez por não estar habituado a isso, achei estranho. Introduzir personagens criadas de maneira diferente das iniciais apresentadas mexeu com a ideologia concebida pelo governo e criou um conflito de valores e isso foi agradável de se ver, principalmente porque me senti na pele do Selvagem. Ainda assim, gostava de ter visto mais ação nesse confronto. Parece que as personagens se conformaram com o modo de vida deles e, os estranhos, aos seus olhos, são apenas atrações de circo.
George Orwell, autor de "1984", foi aluno de Aldous Huxley e comparando as duas obras, a minha preferida continua a ser a do primeiro, pois o autor utiliza as personagens para dar a conhecer o mundo e não o contrário, como fez o outro. É caso para dizer que o aluno ultrapassou o mestre. A edição do livro que comprei, veio acompanhada de uma resposta a uma carta que Orwell escreveu para o professor. Huxley afirma que o mundo de "1984" é o mais provável de acontecer em primeiro e só depois o seu. Eu concordo totalmente com ele! O mundo de "Admirável Mundo Novo" é uma continuação do de "1984", pois se no primeiro é inconcebível pensar, no segundo os sentimentos praticamente deixam de existir. Ora vejamos... Se deixarmos de pensar, consequentemente deixamos de sentir. Ou será o contrário? Digam a vossa opinião! Qual será o que vai ser primeiro controlado na nossa sociedade? Os pensamentos ou os sentimentos?
As obras são excelentes para reflectir. É uma pergunta muito difícil. Acho que o pensamento e o sentimento são inseparáveis. Embora, por vezes, consigamos afastá-los completamente. Mas dentro desse contexto, talvez deixássemos de pensar primeiro. Porque o sentir acaba por ser mais primitivo.
ResponderEliminarIsa,
http://isamirtilo.blogspot.pt/
Nunca tinha pensado nessa óptica do primitivo, mas faz sentido!
EliminarEu tenho mesmo de ler este livro!
ResponderEliminarE respondendo à tua pergunta, acho que primeiro vão ser controlados os pensamentos, pois assim torna-se mais fácil gerir uma sociedade com tantas opiniões e ao controlarem os pensamentos acabam por involuntariamente controlar os sentimentos, porque podem moldar o cérebro de modo a que a pessoa não sinta. É um pouco assustador pensar neste possível futuro.
Já leste "1984"? Lê, a sério! Fala sobre isso mesmo e é assustador :o
EliminarGosto de livros que me façam pensar e reflectir por isso fiquei curiosa (:
ResponderEliminarOlá,
ResponderEliminarNão li a tua opinião pois este é um livro que vou ler este mês, na Leitura conjunta Goodreads.
Mas logo que leia venho aqui espreitar a tua opinião e trocar ideias;)
Acho que já podes alargar o teu desafio do número de livros que pretendes ler este ano, que tal aumentares para trinta;) acho que consegues.
Beijocas e boas leituras.
30? Não sei se consigo ahaha Talvez para o ano! :D
EliminarOlá Ludgero,
ResponderEliminarLi este li há uns dois anos e adorei (já tinha lido o 1984 há mais uns anos e também adorei).
Mas percebo que não tenhas gostado tanto, pois realmente o livro não tem grande acção, centrando-se em abordar os assuntos. Mas de qualquer modo achei que era uma excelente leitura e que nos deixa a pensar.
Beijinhos
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Já falei sobre alguns livros (inclusive o 1984) mas ultimamente tenho deixado, estupidamente, essa parte de lado. Custa-me sempre eleger "o" livro para falar :)
ResponderEliminarO que podes fazer é apresentar as tuas leituras do mês e perguntares no post qual o livro cuja a tua opinião gostaríamos de saber! :P Assim é mais fácil para ti :D
EliminarOlá,
ResponderEliminarTens uma tag no meu blog, para ti;)
Beijinhos e boas leituras.
Este livro está na minha TBR por isso não poso comentar o seu conteúdo, mas gostei de ler a tua opinião.
ResponderEliminarQuanto à pergunta que colocas, isto pode ser muito estúpido mas acho que podes separar emoções de pensamentos: podes pensar e não sentir, e também podes não pensar e sentir embora ambos sejam casos extremos