LUDUTOPIA

sexta-feira, 24 de julho de 2015

"Endgame: A Chamada", de James Frey & Nils Johnson-Shelton


Título original: Endgame: The Calling
Autores: James Frey e Nils Johnson-Shelton
Editora: Editorial Presença
Nº de páginas: 464

Sinopse:
Eles chegaram à Terra há 12 mil anos. Vieram dos céus e criaram a humanidade. Quando se foram embora deixaram um aviso: um dia iriam voltar... E quando voltassem, teria início o grande jogo, o Endgame. Ao longo de dez mil anos, as doze linhagens originais existiram em segredo, mantendo sempre, cada uma delas, um jogador preparado para entrar em ação a qualquer momento. Agora que eles voltaram, os doze jovens jogadores estão a postos para entrarem no grande jogo que decidirá o futuro do planeta e da humanidade. Mas só um pode vencer: quem encontrar primeiro as três chaves escondidas algures na Terra. E é sobre a busca da primeira chave que se centra este primeiro livro da série.
Endgame não é apenas um livro. Endgame é uma experiência multimédia a nível mundial inovadora, que inclui um jogo revolucionário construído pela Niantic Labs (Google) através da qual é possível jogar uma versão do Endgame no mundo real. No fim, há um prémio para o primeiro a conseguir resolver o puzzle oculto no livro: meio milhão de dólares em ouro.

Opinião (sem spoilers):
A Maratona Literária de Inverno 2015 começou este mês e já tenho quase todos os livros lidos. Eu sei que só meti cinco na TBR, mas para mim é muito em apenas um mês. Palmas para a minha pessoa! Hoje terminei "Sputnik, meu amor" e amanhã começo o último livro escolhido, "Todos os Nomes". "Endgame: A Chamada" foi o primeiro a ser lido e, ao contrário do que pensava, consegui lê-lo muito rapidamente. Isso deve-se ao facto de existirem páginas só com imagens para decifrar o enigma e pelos capítulos serem curtos.
"Endgame: A Chamada" é o primeiro livro de uma trilogia e também um jogo! Tal como já referi, ao longo do texto, vão aparecendo enigmas para os leitores decifrarem e, possivelmente, ganharem dinheiro. Dinheiro a sério. O jogo foi criado na vida real. A primeira pessoa a decifrar o mistério pode habilitar-se a ganhar 500 mil dólares em ouro. O Endgame é real. O Endgame já começou. Eu ainda tentei jogar com as primeiras pistas, mas depois cansei-me e decidi apenas continuar com a leitura. Andar a ver hiperligações é chato, ainda por cima com mil pistas para decifrar.

(Trailer do livro)

Agora em relação ao enredo em si, a premissa não é novidade: 12 jovens espalhados pelo planeta lutam entre si para encontrar três chaves. O vencedor salvará toda a sua linhagem do fim do mundo que está para vir. "Endgame" é uma espécie de "The Hunger Games", sem a questão política do governo opressor.

(Origens dos dozes jogadores)

Nas primeiras páginas conhecemos as personagens e todo seu envolvimento no jogo e a forma como foram preparados pelas suas famílias para o grande momento das suas vidas. Portanto, a ação é mais lenta, mas quando a reunião de todos acontece, tudo muda. Algumas personagens assumem um papel mais forte na estória do que outras. Os autores decidiram dar mais destaque ao trio amoroso, juntamente com algumas personagens que se cruzam no seu caminho. O livro não se foca inteiramente no amor. Essa divisão foi bem distribuída. Há bastante ação para compensar o romance, que nem meloso é, mas para quem detesta, como eu, a combinação foi positiva.
Há personagens irritantes, que infelizmente resistem até ao fim, ao contrário de outras que são bem carismáticas e morrem para mal do meu coração. Achei uma burrice a melhor personagem do livro ter ido desta para melhor. Fiquei mesmo irritado! Podiam ter trabalhado ainda mais a personagem em questão, mas decidiram dar-lhe um fim nada digno! Espero que o meu segundo jogador favorito se torne mais forte no próximo volume, acabe com todos e que ganhe poderes mágicos para ressuscitar alguém! Por falar em magia... Nenhum deles é mágico. Portanto eles matam-se como pessoas normais  como se matar alguém, mágico ou não, fosse normal.

(Uma das pistas para o Endgame Real)

O grande mistério que é revelado a certa altura não é tão surpreendente como deveria, creio eu.  Até porque é a coisa mais lógica e com sentido de sempre. Apesar disso, o livro termina com uma belo twist de nos esbugalhar os olhos, que gerou mais dúvidas na minha cabeça, porque nada é tão simples como aparentara ser. Penso que já compraram os direitos de autor para a realização de um filme. Ansioso para ver essa adaptação!
Recomendo este livro para qualquer adolescente que adore ação, mistério e goste de um típico triângulo amoroso. É um livro leve, mas que não surpreende muito. É bom para passar tempo, só isso, mas que, por tentar procurar respostas para as nossas origens, nos deixa curiosos para continuar a ler.

Classificação:

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Valoriza-te!


Não, este não será um post sobre auto-ajuda! "My Mad Fat Diary" chegou ao fim. A terceira e última temporada teve apenas três episódios para encerrar um capítulo de Rachel "Rae" Earl. Sim, foram precisas três temporadas para Rae aprender a valorizar-se e ser capaz de entender que é mais forte do que pensa.
Antes de falar um pouco sobre a última temporada, quero esclarecer-vos um pouco sobre como tudo começou. Com 16 anos, Rachel sai de um hospital psiquiátrico onde passou alguns meses. Ao reencontrar a sua ex melhor amiga, Chloe, começa um jogo de mentiras para ninguém saber os seus problemas de saúde mental. O problema é que, à medida que vai convivendo com a Chloe, vai-se integrando no grupo dela, passando a ter de esconder a verdade não só a uma pessoa, mas a todo o grupo, a fim de agradá-los e não ficar sozinha.

(Chloe)

"My Mad Fat Diary" tinha tudo para ser a típica série da menina gorda que não consegue ter amigos e tem um fascínio pelo menino bonito, mas as aparências enganam. Quem é fã das séries britânicas, como "Misfits" e "Doctor Who", já sabe que eles costumam caprichar na qualidade do roteiro. "My Mad Fat Diary" não é excepção! A série vai muito mais além do óbvio e do básico. Para além disso, passa-se nos anos 90 e a banda sonora é muito boa.
Como adolescente que é, nem tudo o que Rachel diz é o que realmente pensa. Um dos pontos positivos da série é que, explorando temas pesados, há sempre momentos mais leves, nomeadamente com os pensamentos de Rae. Pensamentos esses que chegamos a ver/ler no ecrã.

 

Desde sempre, um dos grandes problemas da protagonista foi lidar com o que as pessoas à sua volta pensariam dela e se a aceitariam. No início da série notámos que há uma certa distância entre a protagonista e a sua mãe, Linda. Em contrapartida, no fim de tudo, essa relação evoluiu imenso. Tanto a mãe como a filha já se entendem melhor e percebem-se uma à outra. Não só Rachel cresceu, como Linda também e aprendeu a conviver com os problemas da filha.

(Linda)

Esta temporada centrou-se essencialmente no "largar o ninho". Com o fim do secundário, chegou a hora de Rachel abandonar as suas raízes para enfrentar a universidade. O problema é que, como ela sempre esteve habituada a não sair da sua zona de conforto e a estar rodeada dos seus amigos, viu-se confrontada com uma realidade para a qual ela achou não estar preparada. Essa possível mudança de vida atormentou-a, trazendo à tona a sua antiga forma de lidar com os problemas. Consequentemente, o seu psicólogo teve um papel fundamental em guiá-la e fazê-la entender que toda a gente tem medo de coisas novas. Faz parte do ser humano temer o desconhecido, não é verdade? E não é por isso que Rachel continua doente, simplesmente tem de saber seguir o seu rumo sem os alicerces que tanto a ampararam, ao ponto de colocarem a dor dela em primeiro lugar.

 

Assim, após muito pensar e raspanço na parede (literalmente!!), Rachel permitiu que os outros a largassem para prosseguirem com as suas vidas, tal como ela. A cena final foi muito bonita e não podia ter terminado de outra forma:
"Dear Diary… That’s the secret, I reckon. You don’t need fixed ideas about who you are or where you’re headed. You don’t need offers or grades or stamps of approval. You just need to be ready to cope with whatever crap comes your way. And as for all the crazy shit: the mental screw-ups and the madness… Well, that’s mine, Dear Diary. I get to keep that. That travels with me."
 

Rachel entendeu que antes de os outros a aceitarem, ela deve, em primeiro lugar, aceitar-se a si própria, pois só assim é que poderá continuar o seu caminho de forma saudável. Aprendeu que, apesar de ter uma família e amigos preocupados com ela, deve desenvencilhar-se sozinha e deixar de esperar que a salvem. Só podia ter terminado esta série com um orgulho enorme pela protagonista! Valorizem-se, tal como Rachel Earl o fez! :)

terça-feira, 14 de julho de 2015

TAG No País das Maravilhas


Fui marcado pela Carla para responder a esta TAG, que tem por base associar livros às personagens da tão famosa obra "Alice no País das Maravilhas". Como regra, deve ser encontrado um livro diferente para cada personagem, ou seja, não podemos repetir livros e, para além disso, não podemos citar o "Alice no País das Maravilhas" nas categorias. 

1 - Alice: Um livro que te fez cair num mundo completamente diferente.

 

Na verdade, foram vários mundos. Em cada página visitamos uma cidade diferente das outras. É totalmente impressionante a criatividade do autor! Recomendo! É um dos meus livros favoritos da vida. Se quiserem uma opinião mais fundamentada podem clicar aqui.



2 - Chapeleiro Louco: Um livro com um protagonista louco.


Quem já leu "Em Parte Incerta" entenderá perfeitamente a minha escolha. Poderia falar-vos sobre o protagonista louco, mas prefiro não fazê-lo, porque posso acabar por estragar a experiência de leitura. Acreditem em mim! Também já tem opinião aqui no blog.



3 - Coelho Branco: Um livro que te atrasou a leitura.

 

Se soubessem a tortura que foi ler "O Retrato de Dorian Gray"! Apesar da leitora demorosa, consegui termina-lo e atribui 3 estrelas. Este é outro livro com opinião aqui. Não é muito positiva, aviso já.



4 - Gato: Um livro que te fez rir muito.

 

Chamem-me azedo, o que vocês quiserem, mas nunca li um livro de comédia. Portanto decidi fazer batota e escolhi o primeiro livro de uma saga que me divertiu muito quando era mais novo: "O Livro Fantástico" de "As Crónicas de Spiderwick". Li-o na biblioteca da escola e espero um dia comprar as edições em cada dura, juntamente com o mapa!



5 - Lagarta Azul: Um livro que te fez refletir.

 

Sem dúvida "1984"! Um dos meus favoritos da vida! A-m-o-! Recomendo a qualquer apaixonado por distopias. Orwell é um génio e fez-me reflectir imenso acerca do futuro da humanidade. Opinião aqui!



6 - Tweedledee e Tweedledum: dois livros que são parecidos.


 

Quando "A Prova do Ferro" foi publicado, surgiu uma polémica por causa das semelhanças com a saga "Harry Potter". Esse burburinho não foi por acaso. Há mesmo imensas coisas parecidas: uma escola de magia, um trio principal, ambos terem ficado com uma marca depois do vilão os ter enfrentado em bebés, entre outras coisas. Enfim! "A Prova do Ferro" também tem opinião aqui no blog.



7 - Rainha de Copas: Um livro cujo o autor adora matar as personagens.

 

Não querendo ser cliché, mas já o sendo... Escolho o 6.º volume da saga "As Crónicas de Gelo e Fogo". Poderia ter escolhido qualquer um, é verdade, mas se torcerem "A Glória dos Traidores" não sairá apenas sangue, mas lágrimas também. George R. R. Martin é um serial killer!

Desafio o Diogo, a Inês, a Carla e a Joana a responderem a esta TAG :)

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Quem é o Diabo na fila do pão?


A segunda temporada de "Penny Dreadful" começou em maio e terminou na semana passada. O balanço geral é bastante positivo. Se gostei imenso da primeira temporada, desta ainda mais. O facto de ter visto os episódios todos seguidos contribuiu para que não me sentisse tão perdido. E com isso tomei uma decisão. Vou passar a ver séries quando a temporada já estiver completa, porque com um episódio por semana perde-se muita coisa.

Se na temporada anterior, Vanessa lutou para encontrar a sua melhor amiga, nesta teve de lidar com a Evelyn Poole, uma devota do Diabo, que a tentou levar para o lado negro a pedido do seu mestre. Acontece que a nossa querida protagonista mostrou-se uma verdadeira bruxa alfa, preparada para não ceder aos caprichos de outros e cuspiu, muitas vezes, o Verbis Diablo na cara das devotas de Lucifer, causando-lhe problemas. Se foi convertida ou não, não contarei. Terão de ver para saber!


Continuando ainda a falar de Vanessa, é de realçar o excelente desempenho de Eva Green. A actriz conseguiu ser bastante versátil e assumir diferentes papéis, desde bruxa temerosa a amiga conselheira e sensível. A relação entre a sua personagem e a do Josh Hartnett é bastante querida. Nota-se uma grande lealdade entre os dois. Atrevo-me a dizer uma tensão sexual enorme! Sempre notei uma química desde a primeira temporada, portanto foi perfeitamente normal que a amizade dos dois perdurasse e evoluísse.

Não só da relação com Vanessa, Ethan Chandler teve os seus momentos. Nesta temporada o personagem tem um foco maior, por causa da profecia que envolve o Diabo e o lobo, e de uma atitude que teve durante uma noite, que quase o forçou a abandonar tudo. Com isso, durante toda a temporada viveu atormentado com a possibilidade de encontrar o pai.


A criação de uma namorada para o Monstro criado pelo Doutor Victor Frankenstein parecia promissora, principalmente porque insinuou um triângulo amoroso que acabou por seguir outros rumos. Contudo, adorei o enredo que foi criado para Lily e Victor. O casal parecia bastante inocente. Uma história de amor pura, mas com uma terrível mentira na sua base. Ainda assim, torci por eles. Mas os perigos são tentadores e, às vezes, o amor mais puro, é corrompido.


Sabem aquelas pessoas que raramente aparecem, mas quando decidem por a cara ao sol só causam estragos? Pois bem, Dorian Gray é uma delas! Esteve a temporada toda a fornicar e entretido com a sua vidinha, quando decide armar-se em cavalheiro e brincar com a inocente Lily, que rapidamente abriu os olhos e decidiu alinhar na brincadeira dele. Foi graças a essa relação que vimos, pela primeira vez, o retrato de Dorian e percebemos que de facto há magia negra naquele corpinho. Lily, agora uma monstra emancipada, decide provar (literalmente) Gray para ficar ainda mais poderosa e livrar-se de vez do seu lado humano.


Lily não foi a única a emancipar-se! O Monstro, agora John Clare, para além de ter ganho um nome, passou a ter uma amiga, Vanessa, e um emprego. De Zé Ninguém passou a uma pessoa com identidade. Eu confesso-vos que John é a minha personagem favorita. Adoro toda a dor dele e a forma como tenta esconde-la. O facto de adorar livros faz-me gostar ainda mais dele! Adoro sobretudo a sua força de vontade em continuar com a sua vida. Ele podia ser um choramingas e não é. Ele apenas quer ser igual a toda a gente. O seu plot foi bastante interessante, excepto a reviravolta final. Achei desnecessária. A personagem teria ganho mais se tivesse ficado tudo como estava, para os autores terem a oportunidade de nos brindar com a crueldade humana. Com este final apenas se encerrou um ciclo e não abriu portas para outro. Agora é esperar para ver o que mais vai acontecer com John!

A terceira temporada de "Penny Dreaful" já está confirmada. Lancem os foguetes!! Espero que continuem a valorizar personagens secundárias, tal como aconteceu nesta temporada com Sembene e Ferdinand Lyle. No entanto, acho que Sembene podia ter sido mais explorado! A única coisa que sabemos é que age como empregado do Senhor Malcolm Murray e como ganhou as cicatrizes. Porém, no meio de tanta bruxaria e em apenas dez episódios, é compreensível que algumas personagens fiquem à parte.

sábado, 11 de julho de 2015

Trust No Bitch


Na semana passada terminei de ver a terceira temporada de "Orange is The New Black" e, mais uma vez, gostei de acompanhar a vida das prisioneiras mais carismáticas do nosso planeta. Mas, apesar de tudo, achei mais do mesmo. A fórmula desta temporada foi igual às anteriores: apresentar o passado das personagens fora da prisão para ligar isso ao presente ou vice-versa.
Uma vez que a temporada tem 13 episódios e é impossível falar de todos os plots, irei apenas centrar-me nos pontos positivos e negativos de forma a não me estender muito.


Comecemos então pelo desenvolvimento de Tiffany 'Pennsatucky' Doggett. Para quem viu as temporadas anteriores, Tiffany parecia uma religiosa extremamente louca (ou uma louca extremamente religiosa?) pronta a tramar as colegas. Nesta temporada vimo-la a criar uma amizade com a Boo e com um dos polícias da prisão. Esse amadurecimento da personagem deve-se, penso eu, ao facto dela ter entendido o mal que fez às colegas. Com o passado dela, começamos a percebe-la melhor, nomeadamente no quesito amoroso. É interessante ver como a forma como foi educada pela mãe influenciou todos os seus relacionamentos amorosos. Fiquei com pena dela e bastante triste quando algum rapaz a usou.


Joe Caputo tornou-se uma das minhas personagens favoritas na temporada anterior, e nesta não foi excepção. Gostei bastante do seu desenvolvimento! Acho que foi um dos plots mais bem trabalhado ao longo de toda a série. Sempre foi visto como um polícia com um sentido de justiça bastante apurado e pronto a defender os indefesos, fazendo tudo para criar um ambiente seguro dentro da prisão. Com a nova gerência da instituição, vemos um bom polícia a tornar-se num ser maleável pelo sistema e que, ao sentir-se desapreciado pelos colegas, converte-se e assume o seu poder de forma bruta e egoísta. Apesar de não ter gostado no que ele se transformou, tenho de dar o braço a torcer que foi muito bem explorado, desde as escolhas dele no passado às situações actuais.


Quando Brook Soso entrou na segunda temporada devo dizer que não gostei da sua atitude. Demasiado liberal, ideias muito avançadas para alguém que está numa prisão, muito revolucionária, mas no fundo uma rapariga amedrontada pela solidão. Na terceira temporada isso tornou-se mais evidente, quando a vimos à procura de uma amizade. Tentou integrar-se num grupo, mas foi rejeitada por ser demasiado faladora e asiática. Essa rejeição contribuiu para que ela andasse desanimada ao ponto de tomar atitudes não muito saudáveis. Gostei bastante de acompanhar o modo como as pessoas à sua volta lidaram com tudo isso, desde o idiota do polícia que em vez de a ajudar, só piorou as coisas, até às colegas negras que a olharam de lado e, mais tarde, a ajudaram. Blasian is beautiful. Espero que na quarta temporada ela se envolva com a Poussey, já que ambas estão à procura de algo para as suas vidas.


O rumo que decidiram criar para a Nicky foi o mais idiota possível. Em poucos episódios despacharam a personagem de forma injusta. Não sei se quiseram livrar-se da actriz, mas fiquei com essa sensação. Sendo uma personagem carismática e querida do público, porque raio criaram este plot para ela? Fiquei mesmo indignado quando terminei a série e nem mais sinal da drogada. Enfim! Espero que volte na próxima temporada!


O plot do polícia Bennett também foi outro que mais valia nem ter existido, se fosse para terminar como ficou. Depois de, ao longo de duas temporadas, acompanharmos o amor entre Dayanara e Bennet ficamos crentes que iam terminar juntos, ou pelo menos que a filha ficasse nas mãos da família da latina, mas com visitas regulares do polícia. Pois bem, os autores decidiram cagar para essa história de amor (a única decente na série) e transformar o Bennett num cobarde.

E porque falar de uma série sem referir a protagonista parece mal... Piper continua irritante como sempre. Quando tudo parecia que ia dar certo, que seria desta que a personagem ganharia juízo e deixava de ser chata... SURPRISE BITCH! Uma versão feminina do Justin Bieber entrou na prisão e perturbou o mexilhão de Piper. Nesta temporada, a protagonista esteve no auge do cio emocional: sedenta para ganhar uns trocos e flopada na sua relação com a Alex. Se já a achava insuportável, agora apenas reviro os olhos sempre que aparece em cena.
Como a vida é feita de ironias e de uma boa dose de karma... A vida sambou na cara da prisioneira, mostrando-lhe que não pode confiar em ninguém. Como altruísta que é  só que não , Piper decidiu dar o troco e ter o seu momento de glória, só porque o seu ego precisa... Porque tudo deve girar à volta de Piper, não é verdade? Nunca confiem em alguém que usa cuecas cor-de-rosa!
Espero que na próxima temporada a Piper tenha cada vez menos importância e que dêem o devido destaque a personagens queridas como a Nicky ou que desenvolvam plots mais interessantes e não a porcaria que fizeram com o Bennett.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

"Acácia - Presságios de Inverno", de David Anthony Durham


Título original: Acacia - The War with the Mein
Autor: David Anthony Durham
Editora: Saída de Emergência
Nº de páginas: 341

Sinopse:
Há muito que o Reino de Acácia deixou de ser governado em paz a partir de uma ilha Idílica por um rei pacificador e pela dinastia Akaran. O cruel assassinato do rei trouxe muitas mudanças e grande sofrimento. Com a conquista do Trono do Mundo Conhecido por parte de Hanish Mein, os filhos de Leodan Akaran são forçados a refugiarem-se em zonas longínquas que desconhecem. Sem tempo para fazer o luto pelo seu pai, os jovens príncipes são separados e jogados à sua sorte num mundo cada vez mais hostil. E é entre piratas, deuses lendários, povos guerreiros e espíritos de feiticeiros que encontram a sua força e a sua verdadeira essência. Entretanto, Hanish continua empenhado na sua missão de libertar os seus antepassados e finalmente entregar-lhes a paz depois da morte. Mas para isso, os Tunishnevre precisam de derramar o sangue dos príncipes herdeiros…
Conseguirá Hanish capturar os filhos do falecido rei Akaran? Voltarão a cruzar-se os caminhos dos quatro irmãos? Estará o coração de Corinn corrompido e rendido à paixão por Hanish ou dormirá com o inimigo apenas para planear a reconquista do Trono de Acácia? E se, de olhos postos na vitória, os herdeiros de Akaran voltarem a sofrer o mais duro dos golpes?

Opinião (sem spoilers):
"Isto foi apenas o início" foi o que me ocorreu no pensamento quanto terminei a leitura do segundo volume de "Acácia". O livro encerrou um ciclo e deixou algumas pontas soltas para o início de outro. Gostei bastante de o ler, mas a ação aconteceu de forma tão rápida que isso enervou-me em alguns momentos. Por exemplo, uma personagem apaixona-se por outra e no capítulo seguinte já estão na cama ou uma personagem quer encontrar-se com outra e no capítulo seguinte já estão juntos. Parece que o autor escreveu mais capítulos e depois tiraram alguns para o livro não ficar muito grande. Eu até entendo o porquê dele fazer isto: para não enrolar e encher chouriços, mas um bom enrolanço até é saudável, pelo menos para dar credibilidade aos acontecimentos. Parece que tudo pode acontecer só porque sim. Não há uma evolução dos factos.



A ação fragmentada é o ponto mais negativo que tenho a apontar. De resto, desde o percurso das personagens até ao final, gostei bastante de acompanhar, nomeadamente o da princesa Corinn, que se tornou a minha Akaran favorita. Abriu os olhos e revelou-se uma mulher capaz de determinar o seu percurso, mesmo que, por momentos, tenha ficado louca quando leu o que aparentemente não devia. Pela forma como ficou o seu futuro em aberto, penso que no terceiro volume ela terá um foco maior, aliás, atrevo-me a dizer que se tornará mais importante que os seus irmãos, à semelhança do príncipe herdeiro Aliver nos volumes anteriores.
Em relação aos outros irmãos Akaran nota-se um crescimento, sobretudo no mais velho que se tornou líder e na rapariga mais nova, Mena, que se tornou uma mulher forte e perspicaz, seja em combate ou fora dele. Estou ansioso para ver um confronto entre ela e a irmã! Gosto bastante das duas, mas torço um pouco mais pela mais velha. #TeamCorinnAlways


Na minha opinião sobre "Ventos do Norte" referi que Thaddeus Clegg era uma personagem confusa e, apesar neste volume entendermos melhor as suas ações, penso que faltou algo na personagem. Talvez mais arrependimento, não sei. Acho que o desfecho dele passou para segundo plano, tendo em conta o momento lunático de Corinn, o que fez com que não sentisse rigorosamente nada com o que lhe aconteceu. Nem pena, nem alegria.
Ainda não entendi muito bem como funciona toda aquela ligação com os Santoth  que aparentemente são os espíritos/feiticeiros do Bem , mas estou curioso para ver o confronto deles com os Tunishnevre  as bichas do Mal. E, por falar em vilões, se pensam que os irmãos Mein eram os maus, desenganem-se. Há um mal ainda maior a chegar ao reino de Acácia, aliás... Ao Mundo Conhecido!



Acho que esta saga beneficiaria se viesse acompanhada de um glossário com as personagens e as suas relações, à semelhança de "As Crónicas de Gelo e Fogo". O número de personagens nas duas obras são díspares mas, ainda assim, perco-me e mesmo pelo contexto da estória é difícil lembrar-me o que fizeram anteriormente. Há personagens que já nem me lembro quem são, como por exemplo o Leeka Alain.
Vou atribuir 4 estrelas a "Presságios de Inverno", apesar de parecer que evidenciei apenas coisas negativas, mas não há muito mais a falar. A diversidade étnica é um dos pontos mais fortes da saga de Durham, tal como a construção de intrigas entre elas. Realço que foi bastante interessante acompanhar o modo como os Mein conseguiram introduzir os seus costumes, adaptando-os aos dos acacianos, que outrora governaram em Acácia. Outro ponto positivo é o facto de apesar de odiar os Mein, percebo toda a sua revolta para com a família Akaran. Cheguei mesmo a sentir empatia pelo Hanish Mein... No fundo ele não fez nada mais do que os Akaran já fizeram há séculos atrás. Porém, como já estou completamente rendido ao clã Akaran, espero que perdurem durante muitos anos.


Classificação:

quinta-feira, 2 de julho de 2015

"Em Parte Incerta", de Gillian Flynn


Sinopse:
Uma manhã de verão no Missouri. Nick e Amy celebram o 5º aniversário de casamento. Enquanto se fazem reservas e embrulham presentes, a bela Amy desaparece. E quando Nick começa a ler o diário da mulher, descobre coisas verdadeiramente inesperadas…
Com a pressão da polícia e dos media, Nick começa a desenrolar um rol de mentiras, falsidades e comportamentos pouco adequados. Ele está evasivo, é verdade, e amargo - mas será mesmo um assassino?
Entretanto, todos os casais da cidade já se perguntam, se conhecem de facto a pessoa que amam. Nick, apoiado pela gémea Margo, assegura que é inocente. A questão é que, se não foi ele, onde está a sua mulher? E o que estaria dentro daquela caixa de prata escondida atrás do armário de Amy?

Ficha técnica:
Título original: Gone Girl
Autora: Gillian Flynn
Editora: Bertrand Editora
Nº de páginas: 520

Opinião (sem spoilers):
Sabem aquela sensação ao terminar um bom livro? Pois, foi isso mesmo que me aconteceu! Fiquei completamente rendido a "Em Parte Incerta". A premissa é do mais simples que há: uma mulher, Amy, desaparece e o marido, Nick, é suspeito. Ao longo do livro acompanhamos a luta dele para tentar descobrir o que aconteceu (ou será que não foi tudo planeado por ele?), bem como a forma que a polícia lida com o caso, juntamente com as famílias dos protagonistas.
A autora brinda-nos com pequenas revelações ao longo dos capítulos... Até chegarmos à derradeira reviravolta! Confesso que não fiquei tão surpreendido assim, eu já estava a contar que algo semelhante tivesse acontecido, mas nunca, nunca me passou pela cabeça que fosse daquela forma. Foi isso que realmente me deixou chocado! A explicação de tudo foi ainda mais bela. Gillian Flynn foi bastante perspicaz. Conseguiu criar uma personagem adorável, ou pelo menos compreendida, para depois nos atirar um balde de água fria na cara e gritar "TOMEM LÁ, BITCHES". Mas o pior disto tudo é que gostei ainda mais da personagem! Devo ter alguma queda por gente louca. Só pode! 
Gillian Flynn tem a capacidade de nos fazer amar uma personagem e odiar outra, para a situação se converter nas páginas a seguir. Essa brincadeira criada por ela, enriquece a narrativa e torna o livro mais rico e real, porque ninguém é inteiramente bom, nem inteiramente mau.
Gostei bastante das reflexões que o Nick e a Amy fizeram ao longo do livro, acerca da humanidade e das relações entre elas. Passo a citar uma das que mais gostei:
"Já não sei se somos realmente humanos nesta altura, aqueles de nós que são como a maior parte, e que cresceram com televisão e filmes e agora Internet. Se somos traídos, sabemos as palavras que devemos dizer; quando um ente querido morre, sabemos as palavras que devemos dizer. Se quisermos fazer o papel de conquistador, espertalhão ou idiota, sabemos as palavras que devemos dizer. Trabalhamos todos a partir do mesmo guião já muito batido.
É um período muito difícil para se ser uma pessoa, uma pessoa a sério e real, em vez de uma coleção de traços de personalidade selecionados a partir de uma máquina de venda automática de personagens.
E se todos estamos a representar, não pode existir uma alma gémea, porque não temos almas genuínas.
Tinha chegado a um ponto em que parecia que já nada importava, pois eu não sou uma pessoa a sério e os outros também não.
Teria feito o que fosse preciso para me sentir outra vez real."
É incrível como esta citação define todo o livro logo nas primeiras páginas. Mostra-nos o quanto Amy e Nick se dedicam num casamento, mentindo com palavras que à partida já vão agradar o outro. Mostra-nos o quanto uma relação é construído com base em mentiras para a prolongar. Mas será que ao sermos sincero não prejudicamos ainda mais essa relação? E quem é sincero nos dias de hoje? Tal como escreveu Gillian, "trabalhos todos a partir do mesmo guião já muito batido". Todos nós já sabemos o que dizer aos outros em qualquer altura. Todos nós sabemos mentir a nós próprios também, acreditando que isto ou aquilo é o melhor para a relação. Enfim, é impossível não nos identificarmos com Amy e Nick. E olhem... Terminei o livro a não querer nenhuma relação. Juro! Antes só que mal acompanhado!
O livro já foi adaptado para os cinemas e pretendo ver o filme em breve! Toda a gente diz que é bom! Como não ser, não é? Deixo-vos aqui o trailer:

Recentemente, foi editado pela Bertrand Editora um dos primeiros livros de Gillian Flynn, "Objetos Cortantes", e eu já o quero comprar! Gostei imenso da escrita da autora e, como tal, pretendo comprar outras obras dela e delirar tal como em "Em Parte Incerta".

Classificação: