LUDUTOPIA

sábado, 29 de agosto de 2015

"Caim", de José Saramago


Autor: José Saramago
Editora: Caminho
Nº de páginas: 182

Sinopse:
Quem diabo é este Deus que, para enaltecer Abel, despreza Caim? Se em O Evangelho Segundo Cristo José Saramago nos deu a sua visão do Novo Testamento, em Caim regressa aos primeiros livros da Bíblia. Num itinerário heterodoxo, percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha pela mão dos principais protagonistas do Antigo Testamento, imprimindo ao texto o humor refinado que caracteriza a sua obra. Caim revela o que há de moderno e surpreendente na prosa de Saramago: a capacidade de fazer nova uma história que se conhece do princípio ao fim. Um relato irónico e mordaz no qual o leitor assiste a uma guerra secular, e de certa forma, involuntária, entre o criador e a sua criatura.


Opinião (sem spoilers):
"Caim" é o segundo livro que leio de Saramago e, mais uma vez, surpreendi-me com a capacidade do autor em escrever sobre algo tão delicado como a crença religiosa, de forma sagaz, irónica e divertida. Juro que nunca pensei em divertir-me com algo escrito por ele. Puro preconceito, eu sei!
Nesta obra acompanhamos principalmente a vida de Caim, um protagonista que nos faz questionar acerca do carácter do Senhor, mas antes disso, são-nos apresentados Adão e Eva. É a partir da criação do casal  que se vê obrigado a sê-lo por serem os únicos no paraíso  que a ação se desenrola. Avançando um pouco na estória (ou história para os crentes), Adão e Eva têm três filhos: Caim, Abel e Set. O mais velho, Caim, comete um erro ao querer vingar-se de Abel, por este provar ser melhor que ele, ou, pelo menos, ter sido o único a receber a aprovação do Senhor. Posto isto, e sentindo-se "dono soberano de todas as coisas", palavras ditas pelo próprio, Deus decide castigar Caim:

"Andarás errante e perdido pelo mundo, Sendo assim, qualquer pessoa me poderá matar, Não, porque porei um sinal na tua testa, ninguém te fará mal, mas, em pago da minha benevolência, procura tu não fazer mal a ninguém, disse o senhor, tocando com o dedo indicador a testa de caim, onde apareceu uma pequena mancha negra"

Deste modo, Caim entra numa jornada pelo tempo e pelo espaço. A mancha negra na testa permite-lhe viajar entre o passado e o futuro e até para diferentes locais no presente. Podemos perceber por isto que o protagonista andará mesmo perdido pelo mundo, já que não tem poder de decidir para onde ir. Simplesmente fica à mercê de Deus... ou do destino. Sabe-se lá! Durante essas viagens, Caim depara-se com personagens marcantes da Bíblia, como Lilith, Abrão, Isaac, Ismael, Moisés, Noé, e também com construções e acontecimentos memoráveis, como a Torre de Babel, os incêndios em Sodoma e Gomorra, a barca de Noé. O foco da maioria dos capítulos recai pouco em Caim, mas sim nas personagens que o rodeiam. O protagonista é usado sobretudo como a entidade que põe em causa as atitudes de Deus, ao contrário dos outros que seguem à risca as ordens Dele. É durante esses pensamentos e reflexões que percebemos o quão mesquinho é o Senhor. Saramago chega mesmo a ridicularizá-lo, transformando-o numa criança amuada que só faz o que quer porque assim o deseja e quando reconhece que faz asneira, esconde-se. Isso é tão evidente numa passagem do livro que me deixou boquiaberto:

"Do que não há dúvida é de que as coisas estão muito mudadas. Antigamente o senhor aparecia à gente em pessoa, por assim dizer em carne e osso, via-se que sentia mesmo certa satisfação em exibir-se ao mundo, que o digam adão e eva, que da sua presença se beneficiaram, que o diga também caim (...) Agora, o senhor esconde-se em colunas de fumo, como se não quisesse que o vissem. Em nossa opinião de simples observadores dos acontecimentos andará envergonhado por algumas tristes figuras que tem feito, como foi o caso das inocentes crianças de sodoma que o fogo divino calcinou."

A Igreja deve ter adorado o livro! Saramago rebaixou a figura de Deus totalmente. Melhor ainda foi o final, no mínimo hilário. De tanto brincar e castigar os inocentes, o feitiço virou-se contra o feiticeiro. E o mais incrível é que a justiça foi feita pelas mãos de uma das suas crias.
Este livro tornou-se um dos meus favoritos da vida. "Caim" é uma leitura obrigatória! O livro é pequeno, nem 200 páginas tem, portanto lê-se num instante. Até agora é o meu favorito de Saramago. Já me apercebi também que os livros dele não têm grandes acontecimentos ou reviravoltas, mas apesar disso primam pela escrita e crítica sempre presente ponta da língua ou dos dedos. Que venha agora o terceiro! Aceito sugestões :)


Classificação:

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Balanço final da Maratona Literária 24 em 7


Flopei. Flopei grande e grosso! Coloquei 3 livros na TBR com o objectivo de ler mais ou menos 200 páginas de cada um, ou seja, 600. Os livros escolhidos foram:

   

Dos pretendidos apenas li "A Estação dos Ossos". Durante a semana fui à biblioteca e requisitei o "Caim", de José Saramago. Foi a minha cruz! Comecei a lê-lo e automaticamente inseri-o na maratona, ignorando os outros dois da TBR. (Não foi desta, Nuno. Não foi desta!) Portanto, as minhas leituras foram:

1. "A Estação dos Ossos"
Comecei na página 100 e terminei na página 351. Li 251.

Sinopse: 2059. Paige Mahoney tem dezanove anos e trabalha no submundo do crime da Londres de Scion, na zona dos Sete Quadrantes, para Jaxon Hall. O seu trabalho consiste em procurar informações invadindo a mente de outras pessoas. Paige é uma caminhante de sonhos, uma clarividente - e, no seu mundo, no mundo de Scion, comete traição pelo simples facto de respirar. Está a chover no dia em que a sua vida muda para sempre. Atacada, drogada e raptada, Paige é levada para Oxford - uma cidade mantida em segredo há duzentos anos e controlada por uma raça poderosa, vinda de outro mundo, os Refaim. Paige é atribuída ao Guardião, um Refaíta com motivações misteriosas. Ele é o seu mestre. O seu professor. O seu inimigo natural. Mas, para Paige recuperar a sua liberdade, tem de se deixar reabilitar naquela prisão onde tem por destino morrer.


2. "Caim"
Comecei na página 33 e terminei na página 182. Li 149.

Sinopse: Quem diabo é este Deus que, para enaltecer Abel, despreza Caim? Se em O Evangelho Segundo Cristo José Saramago nos deu a sua visão do Novo Testamento, em Caim regressa aos primeiros livros da Bíblia. Num itinerário heterodoxo, percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha pela mão dos principais protagonistas do Antigo Testamento, imprimindo ao texto o humor refinado que caracteriza a sua obra. Caim revela o que há de moderno e surpreendente na prosa de Saramago: a capacidade de fazer nova uma história que se conhece do princípio ao fim. Um relato irónico e mordaz no qual o leitor assiste a uma guerra secular, e de certa forma, involuntária, entre o criador e a sua criatura.

Fazendo as contas, li 400 páginas no total. Numa maratona de 12 horas + 12 horas até foi positivo, mas fiquei um pouco desiludido comigo, porque pretendia ler muito mais. Fica para a próxima! De seguida, apresento-vos os resultados dos participantes:

Número de páginas lidas por cada par:
1. Carla e Sara: 856 + 593 = 1449 páginas
2. Ludgero e Jota: 400 + 321 = 721 páginas
3. Diogo e Andreia: 627 + 90 = 717 páginas
4. Vasco e Beatrice: 133 + 541 = 674 páginas
5. Denise e Silvana: 301 + 195 = 496 páginas
6. Filipa e Kelly: 0 + 482 = 482 páginas

Vencedor de cada par:
Carla, Ludgero, Diogo, Beatrice, Denise e Kelly.

Quem leu mais?
1. Carla: 856
2. Diogo: 627
3. Sara: 593
4. Beatrice: 541
5. Kelly: 482
6. Ludgero: 400
7. Jota: 321
8. Denise: 301
9. Silvana: 195
10. Vasco: 133
11. Andreia: 90
12. Filipa: 0

Como podem ver, a Carla ganhou tudo e todos! Eu gostei bastante de ter organizado e participado na maratona. Sei que não foi perfeita mas, como primeira vez, a coisa até correu bem :)

domingo, 23 de agosto de 2015

TAG Mid-Year Book Freak Out


Fui novamente marcado pela Carla do blog Atmosfera dos Livros! A tag em questão chama-se "Mid-Year Book Freak Out". Vou tentar ser breve porque são imensas perguntas! Falta a questão 9. Não sei se está assim na tag original, mas não importa.

1. Melhor livro que leste até agora em 2015.
Li alguns livros bons, mas "Em Parte Incerta" foi o que facilmente me conquistou. Amy <3 Já tem opinião aqui no blog!

Sinopse: Uma manhã de verão no Missouri. Nick e Amy celebram o 5º aniversário de casamento. Enquanto se fazem reservas e embrulham presentes, a bela Amy desaparece. E quando Nick começa a ler o diário da mulher, descobre coisas verdadeiramente inesperadas…Com a pressão da polícia e dos media, Nick começa a desenrolar um rol de mentiras, falsidades e comportamentos pouco adequados. Ele está evasivo, é verdade, e amargo - mas será mesmo um assassino?
Entretanto, todos os casais da cidade já se perguntam, se conhecem de facto a pessoa que amam. Nick, apoiado pela gémea Margo, assegura que é inocente. A questão é que, se não foi ele, onde está a sua mulher? E o que estaria dentro daquela caixa de prata escondida atrás do armário de Amy?


2. Melhor sequela que leste até agora em 2015.
Vou responder como se tivessem perguntado a melhor saga. Como cada volume superou o anterior, escolho a saga "Acácia". Recomendo! Já postei opinião sobre os dois primeiros volumes: "Ventos do Norte" e "Presságios de Inverno". Em breve sairá opinião do terceiro!

Sinopse do primeiro volume: Um assassino enviado das regiões geladas do norte numa missão. Um império poderoso cercado pelo seu mais antigo inimigo. Quatro príncipes exilados, determinados a cumprir um destino.
Leodan Akaran, rei soberano do Mundo Conhecido, herdou o trono em aparente paz e prosperidade, conquistadas há gerações pelos seus antepassados. Viúvo, com uma inteligência superior, governa os destinos do reino a partir da ilha idílica de Acácia. O amor profundo que tem pelos seus quatro filhos, obriga-o a ocultar-lhes a realidade sombria do tráfico de droga e de vidas humanas, dos quais depende toda a riqueza do Império. Leodan sonha terminar com esse comércio vil, mas existem forças poderosas que se lhe opõem. Então, um terrível assassino enviado pelo povo dos Mein, exilado há muito numa fortaleza no norte gelado, ataca Leodan no coração de Acácia, enquanto o exército Mein empreende vários ataques por todo o império. Leodan, consegue tempo para colocar em prática um plano secreto que há muito preparara. Haverá esperança para o povo de Acácia? Poderão os seus filhos será chave para a redenção?


3. Um livro publicado este ano que ainda não leste mas queres ler.
Não sei nada sobre o livro, apenas que tem uma capa bonita e um título atractivo. Recomendam-me a leitura? Digam nos comentários.

Sinopse: Jude e o seu irmão gémeo Noah são inseparáveis. Aos 13 anos, Noah é um jovem tímido e solitário que adora desenhar. Jude, pelo contrário, é extrovertida, tagarela e sociável. Três anos mais tarde, tudo se altera. Jude e Noah mal falam um com o outro. Um trágico acontecimento afetou os gémeos de forma dramática… Até que Jude conhece Guillermo Garcia na Escola das Artes, um escultor ousado e bem-parecido que vai ter um papel determinante na vida dos irmãos. O que os gémeos não sabem é que cada um deles conhece somente metade da história das suas vidas e, se conseguirem reaproximar-se, terão a oportunidade de reconstruir o seu mundo.


4. O livro que mais queres que seja publicado no segundo semestre do ano.
Eu sei que isto não vai acontecer, nem aqui, nem em lado nenhum, muito menos neste ano ou no próximo, mas morro para ler "Os Ventos do Inverno". Provavelmente o Martin só publicará o livro quando o sol nascer a oeste e se puser a leste. Quando os mares secarem e as montanhas forem sopradas pelo vento como folhas. Enfim! As imagens ilustrativas são as capas brasileiras. Não sei se são as oficiais ou se foram feitas por fãs, mas são ambas bonitas.


5. Maior desilusão.
Poderia dar como exemplo "Prometo Falhar", de Pedro Chagas Freitas, mas desilusão é quando pensamos que vamos gostar do livro e ele caga na nossa cara. Portanto, uma vez que já estava a contar com uma qualidade duvidosa da obra do Freitas, escolhi "O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde, que me desiludiu muito! Já tem opinião no blog.

Sinopse: Dorian Gray é um jovem invulgarmente belo por quem Basil Hallward, um pintor londrino, fica fascinado. Determinado a eternizar a beleza de Dorian numa tela, Basil convence-o a posar para ele. Numa dessas sessões, o jovem conhece Lorde Henry Wotton, um aristocrata cínico e hedonista, que o desperta para a beleza e o seduz para a sua visão do mundo, onde as únicas coisas que valem a pena perseguir são a beleza e o prazer. Horrorizado com o destino inevitável que o fará envelhecer e perder a sua beleza, Dorian comenta com os amigos que está disposto a tudo, até mesmo a vender a alma, para permanecer eternamente jovem e manter a sua beleza.
Fortalecido pelo hedonismo, Dorian trata cruelmente a sua noiva, Sybil Vane, que se suicida com o desgosto. Ao saber do sucedido, o jovem começa a notar certas mudanças subtis na sua expressão no quadro, e constata que é o Dorian do quadro que envelhece e que sofre com a passagem dos anos, ao mesmo tempo que o Dorian real permanece com a juventude e beleza intacta. Um romance gótico de horror com um forte tema faustiano, O Retrato de Dorian Gray é considerado pela crítica como a melhor obra de Oscar Wilde.


6. Maior surpresa.
Sempre ouvi falar tão bem de Agatha Christie, que a famosa Rainha do Crime surpreendia a cada livro, mas o género literário escrito por ela nunca me cativou muito e por isso fui adiando a leitura de "As Dez Figuras Negras". Este ano decidi aventurar-me nessas andanças e adorei. Já postei uma opinião no blog.

Sinopse: Dez desconhecidos que aparentemente nada têm em comum são atraídos pelo enigmático U. N. Owen a uma mansão situada numa ilha da costa do Devon. Durante o jantar, a voz do anfitrião invisível acusa cada um dos convidados de esconder um segredo. Nessa mesma noite um deles é assassinado. A tensão aumenta à medida que os sobreviventes se apercebem de que não só o assassino se encontra entre eles como se prepara para atacar uma e outra vez...
O que se segue é uma obra-prima de terror. À medida que cada um dos hóspedes é brutalmente assassinado, as suas mortes vão sendo "celebradas" através do desaparecimento de uma vez de dez estátuas, as "dez figuras negras". Quantas vão restar? Quem ficará para um dia contar o que verdadeiramente se passou naquela ilha?


7. Novo autor preferido.
Eu sei que só ainda li um livro de Saramago, mas apaixonei pela escrita dele com "Todos os Nomes". Já tem opinião aqui no blog.

Sinopse: O protagonista é um homem de meia idade, funcionário inferior do Arquivo do Registo Civil. Este funcionário cultiva a pequena mania de coleccionar notícias de jornais e revistas sobre gente célebre. Um dia reconhece a falta, nas suas colecções, de informações exactas sobre o nascimento (data, naturalidade, nome dos pais, etc.) dessas pessoas. Dedica-se portanto a copiar os respectivos dados das fichas que se encontram no arquivo. Casualmente, a ficha de uma pessoa comum (uma mulher) mistura-se com outras que estás copiando. O súbito contraste entre o que é conhecido e o que é desconhecido faz surgir nele a necessidade de conhecer a vida dessa mulher. Começa assim uma busca, a procura do outro.


8. Nova "crush"
Não sou pessoa de ter uma "crush" por personagens literárias, mas eu amo os protagonistas da saga "Acácia". Os irmãos Akaran, nomeadamente Corinn e Dariel, são sensuais de um jeito peculiar. Acho-os com pinta e nem é por causa de atributos físicos. O mais novo é um pirata, portanto só isso já é sensual o suficiente, por sua vez, a irmã é uma mulher que seduz com a sua fome de poder. Já postei opinião sobre os dois primeiros volumes: "Ventos do Norte" e "Presságios de Inverno". Em breve sairá opinião do terceiro!

Sinopse do segundo volume: Há muito que o Reino de Acácia deixou de ser governado em paz a partir de uma ilha Idílica por um rei pacificador e pela dinastia Akaran. O cruel assassinato do rei trouxe muitas mudanças e grande sofrimento. Com a conquista do Trono do Mundo Conhecido por parte de Hanish Mein, os filhos de Leodan Akaran são forçados a refugiarem-se em zonas longínquas que desconhecem. Sem tempo para fazer o luto pelo seu pai, os jovens príncipes são separados e jogados à sua sorte num mundo cada vez mais hostil. E é entre piratas, deuses lendários, povos guerreiros e espíritos de feiticeiros que encontram a sua força e a sua verdadeira essência. Entretanto, Hanish continua empenhado na sua missão de libertar os seus antepassados e finalmente entregar-lhes a paz depois da morte. Mas para isso, os Tunishnevre precisam de derramar o sangue dos príncipes herdeiros…
Conseguirá Hanish capturar os filhos do falecido rei Akaran? Voltarão a cruzar-se os caminhos dos quatro irmãos? Estará o coração de Corinn corrompido e rendido à paixão por Hanish ou dormirá com o inimigo apenas para planear a reconquista do Trono de Acácia? E se, de olhos postos na vitória, os herdeiros de Akaran voltarem a sofrer o mais duro dos golpes?


10. Nova personagem favorita.
Pensei em voltar a responder Corinn nesta questão, mas para não ser repetitivo, peguei noutra personagem que me conquistou pela sua capacidade de brincar com os homens sem ser vulgar (ou sendo): Margarida de Borgonha. Já fiz opinião de "O Rei de Ferro e a Rainha Estrangulada" no blog. É uma leitura que recomendo!

Sinopse: O Rei de Ferro - Filipe, o Belo - é frio, cruel, silencioso, e governa o reino sem hesitações. Apesar disso, não consegue dominar a própria família: os filhos são fracos e as esposas, adúlteras, ao mesmo tempo que a sua filha de sangue, Isabel, é infeliz no casamento com o rei inglês - que parece preferir a companhia de homens. Empenhado na perseguição aos ricos e poderosos Templários, Filipe sentencia o grão-mestre Jacques de Molay a ser queimado na fogueira, atraindo sobre si uma maldição que vai destruir o futuro da sua dinastia. Morre nesse mesmo ano, deixando o reino em grande desordem. O seu filho é nomeado rei, mas com a esposa presa e acusada de adultério, é incapaz de gerar um herdeiro e de garantir a sucessão. Enquanto a cristandade espera um papa e as pessoas estão a morrer de fome, as rivalidades, intrigas e conspirações vão despedaçar o reino e levar barões, banqueiros e o próprio rei a um beco sem saída, ao qual só parece ser possível escapar pelo derramamento de sangue.


11. Um livro que te fez feliz.
Eu acho que qualquer livro me faz feliz, desde que me agarre e não seja secante. Portanto, não vou escolher nenhum. Sorry, sociedade. Sou divergente.


12. Um livro que te fez chorar.
Nunca chorei a ler. Talvez seja um coração de pedra? Talvez! Porém, este ano li um livro que me tocou bem fundo do coração: "The Terrible Thing That Happened to Barnaby Brocket". Terminei a leitura com um aperto no peito. Podem ler a minha opinião aqui.

Sinopse: There's nothing unusual about the Brockets. Normal, respectable, and proud of it, they turn up their noses at anyone strange or different. But from the moment Barnaby Brocket comes into the world, it's clear he's anything but ordinary. To his parents’ horror, Barnaby defies the laws of gravity - and floats.


13. Adaptação de livro para filme preferida este ano.
Quem me conhece sabe que não sou muito fã de filmes. Sempre preferi e continuo a preferir as minhas tão estimadas séries. Portanto, o meu leque de escolhas é muito reduzido. Optei por "Em Parte Incerta". Achei a adaptação bastante fiel!

Sinopse: Uma manhã de verão no Missouri. Nick e Amy celebram o 5º aniversário de casamento. Enquanto se fazem reservas e embrulham presentes, a bela Amy desaparece. E quando Nick começa a ler o diário da mulher, descobre coisas verdadeiramente inesperadas…Com a pressão da polícia e dos media, Nick começa a desenrolar um rol de mentiras, falsidades e comportamentos pouco adequados. Ele está evasivo, é verdade, e amargo - mas será mesmo um assassino?
Entretanto, todos os casais da cidade já se perguntam, se conhecem de facto a pessoa que amam. Nick, apoiado pela gémea Margo, assegura que é inocente. A questão é que, se não foi ele, onde está a sua mulher? E o que estaria dentro daquela caixa de prata escondida atrás do armário de Amy?



14. Opinião que mais gostaste de escrever.
Eu ainda não escrevi uma opinião de "Prometo Falhar", mas sinto que vou gostar imenso de o fazer. Se é para falar mal uma pessoa gosta sempre, não é verdade? Só espero mesmo é não falhar como o autor.

Sinopse: Prometo Falhar é um livro de amor. O amor dos amantes, o amor dos amigos, o amor da mãe pelo filho, do filho pela mãe, pelo pai, o amor que abala, que toca, que arrebata, que emociona, que descobre e encobre, que fere e cura, que prende e liberta. O amor. No seu estilo intimista, quase que sussurrado ao ouvido, Pedro Chagas Freitas leva o leitor aos estratos mais profundos do que sente. E promete não deixar pedra sobre pedra. Mergulhe de cabeça numa obra que mostra sem margem para equívocos porque é que é possível sair ileso de tudo. Menos do amor. O amor acontece quando desistimos de ser perfeitos.


15. Que livros precisas de ler até ao final do ano.
Ora bem, tenho imensos livros para ler até ao final do ano, mas há três que estão no topo, por motivos óbvios:
1. "A Quinta dos Animais", de George Orwell, porque li "1984" e apaixonei-me pelo autor. Morro de ansiedade para ler mais obras dele!

Sinopse: À primeira vista, este livro situa-se na linhagem dos contos de Esopo, de La Fontaine e de outros que nos encantaram a infância. Tal como os seus predecessores, Orwell escreveu uma fábula, uma história personificada por animais. Mas há nesta fábula algo de inquietante. Classicamente, atribuir aos animais os defeitos e os ridículos dos humanos, se servia para censurar a sociedade, servia igualmente para nos tranquilizar, pois ficavam colocados à distância, "no tempo em que os animais falavam", os vícios de todos nós e as sua funestas consequências. Em A Quinta dos Animais o enredo inverte-se. É a fábula merecida por uma época - a nossa época - em que são os homens e as mulheres a comportar-se como animais.

2. "Maze Runner: A Cura Mortal", de James Dashner, para despachar a trilogia de uma vez. A série tem vindo a perder qualidade, portanto as minhas expectativas para o último volume estão na lama. Achei o primeiro livro mediano, já o segundo só serviu para encher chouriços. Eu sei que não devia continuar, mas sou masoquista.

Sinopse: Thomas atravessou o Labirinto; sobreviveu à Terra Queimada. A CRUEL roubou-lhe a vida, as memórias, e até mesmo os amigos. Mas agora as Experiências acabaram, e a CRUEL planeia devolver as memórias aos sobreviventes e completar assim a cura para o Fulgor. Só que Thomas recuperou ao longo do tempo muito mais memórias do que os membros da CRUEL julgam, o suficiente para saber que não pode confiar numa única palavra do que dizem. Conseguirá ele sobreviver à cura?

3. "Assim Falou Zaratustra", de Friedrich Nietzsche, porque foi oferecido no meu aniversário e já passaram uns valentes sete meses. Tenho que ganhar vergonha na cara e ler o presente dos amigos! Perdoem-me.

Sinopse: Na vasta produção literária de Nietzsche, o poema filosófico Assim Falou Zaratustra é geralmente considerado como obra fundamental para qualificar a complexa personalidade do apaixonado filósofo. Os princípios de um credo nietzschiano encontram aqui, mais do que em qualquer outra obra, a sua expressão num estilo vigoroso que ora lembra a solenidade dos profetas bíblicos, ora recorda a contundência cáustica e a mordacidade dos enciclopistas. Na figura de Zaratustra, Nietzsche procura delinear o novo tipo de homem a que aspirava. Zaratustra é, de facto, o indivíduo que, tendo passado através de todas as experiências, se encontra «para lá do bem e do mal» e está decidido a tornar-se senhor absoluto das suas próprias paixões, seguindo a moral criadora de um «eu» divinizado. Nascido em Rocken, em 1844, Friedrich Wilhelm Nietzsche veio a morrer em Veimar, no ano de 1900. Os últimos onze anos da sua existência passou-os mergulhado na noite da loucura. Além de ser considerado um dos maiores escritores de língua alemã, Nietzsche foi também um dos pensadores que mais profundamente marcaram a cultura europeia contemporânea.


Já leram algum destes livros? O que acharam?

domingo, 16 de agosto de 2015

TBR da Maratona Literária 24 em 7


A Maratona Literária 24 em 7 vai mesmo acontecer! Nunca pensei que fosse arranjar algumas pessoas para uma maratona. Não somos muitos, mas como se costuma dizer, antes poucos e bons do que muitos e maus. Obrigado à Carla por ter conseguido algumas pessoas e obrigado a todos os que se inscreveram.

Os inscritos são:
- Eu e Jota
- Carla e Sara
- Vasco e Beatrice
- Denise e Silvana
- Filipa e Kelly
- Diogo e Andreia

Irei maratonar nos dias 18 (terça) e 23 (domingo) das 8 até às 20 horas, ou seja, 12 horas em cada dia. Espero não flopar e que o meu parceiro se empenhe. Fica a dica, amigo! ahaha

Em príncipio, as minhas leituras serão:
  
(Será desta, Nuno?)

Dois dos três livros são gigantes, mas não pretendo ler tudo. O objectivo é ler o máximo possível. Quem se quiser inscrever, ainda vai a tempo. Pode fazê-lo aqui. A maratona começa amanhã às 00:00 e termina dia 23.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

"Todos os Nomes", de José Saramago



Autor: José Saramago
Editora: Caminho
Nº de páginas: 335

Sinopse:
O protagonista é um homem de meia idade, funcionário inferior do Arquivo do Registo Civil. Este funcionário cultiva a pequena mania de coleccionar notícias de jornais e revistas sobre gente célebre. Um dia reconhece a falta, nas suas colecções, de informações exactas sobre o nascimento (data, naturalidade, nome dos pais, etc.) dessas pessoas. Dedica-se portanto a copiar os respectivos dados das fichas que se encontram no arquivo. Casualmente, a ficha de uma pessoa comum (uma mulher) mistura-se com outras que estás copiando. O súbito contraste entre o que é conhecido e o que é desconhecido faz surgir nele a necessidade de conhecer a vida dessa mulher. Começa assim uma busca, a procura do outro.

Opinião (sem spoilers):
Em 24 anos de existência, nunca tinha lido realmente José Saramago. É uma vergonha, eu sei, mas em minha defesa, culpo a escola, que sempre nos assombrou a todos, enquanto estudantes do ensino secundário, com "O Memorial do Convento". Se já ler por obrigação é horrível, imaginem ler uma obra com uma escrita peculiar como a do Saramago. Pois bem, este ano decidi que seria a altura ideal para me aventurar nos livros do único Nobel português da literatura.

Recomendado por uma professora, optei por "Todos os Nomes", que foi publicado pela primeira vez em 1997, e não podia ter começado melhor. Neste livro acompanhamos a vida de José (o mesmo nome do autor), um funcionário do Arquivo do Registo Civil. Este senhor tem uma mania muito específica: colectar informações pessoais de gente famosa. Um certo dia, no meio dos arquivos que roubou para o seu hobbie, encontra uma ficha de uma mulher comum. Com isso, surge o súbito interesse em saber mais sobre ela.


Quem é a mulher? Onde vive? Quem são os seus pais? Onde estudou? É casada? Tem filhos? O que fez durante a sua vida? Foram estas as questões que pairaram na cabeça de José ao longo das 335 páginas que compõem o livro. Sabemos as respostas a todas estas inquietações? Talvez sim, talvez não. Desafio-vos a ler o livro para descobrirem! O que posso revelar é que, à semelhança dos famosos, qualquer pessoa comum também pode ter uma vida interessante e marcante o suficiente, se bem que a aventura de José foi mais intrigante do que a história de vida da mulher misteriosa. Talvez por ela ser apenas uma figura representativa e não algo concreto e vivo como ele.

O senhor José é uma figura bastante peculiar. Mete-se em cada uma que não lembra a ninguém. Cheguei a cogitar que o homem sofria de síndrome de Borderline, por se aventurar como um louco. Ele sabe que se for apanhado vai ficar em maus lençóis, mas ainda assim insiste em aventura-se para saber um pouco mais sobre a mulher, cujo nome nunca o vimos pronunciar. Por falar nisso, é irónico como num livro chamado "Todos os Nomes" apenas conhecemos o do protagonista. Todas as outras pessoas são chamadas consoante a sua profissão ou uma característica sua. Saber os nomes não tem muita importância, porque, na verdade, não só os personagens como nós, acabamos por ser as memórias que os outros guardam da nossa vida. Memórias essas que vão ajudar José na sua busca pelo outro.

A certa altura aparece uma frase que define o livro por completo: "o que dá verdadeiro sentido ao encontro é a busca e (...) é preciso andar muito para alcançar o que está perto". Foi exatamente o que aconteceu com o senhor José e acontece diariamente connosco, se pensarmos um pouco. Claro que a diferença é que o protagonista andava à procura de informações da mulher, enquanto nós, seres humanos, andamos à procura do sentido da nossa vida. Não terá sido a mulher uma metáfora usada pelo autor? E só de pensar que tudo isto começou por causa de um documento perdido!

O enredo foi bom de se acompanhar, mas quando terminei a leitura, uma dúvida assombrou-me. Fiquei com a sensação que a mulher estava bem mais próxima de José do que aparentava, por causa do perfume composto de metade rosa e metade crisântemo, cheiro característico do local de trabalho dele e dos vestidos dela. Se isto for verdade, a frase que citei acima faz ainda mais sentido!

A escrita de Saramago é soberba. Todos os preconceitos e receios que tinha, desvaneceram-se por completo. Amo Saramago e quero ler mais dele e sobre ele! O homem conquistou-me com uma estória tão simples e tão bem escrita. Mesmo sem vírgulas ou pontos finais, consegui distinguir  na perfeição os diálogos e a ação. Futuramente, pretendo fazer uma releitura, pois sinto que me escaparam alguns pormenores.

Já leram "Todos os Nomes"? Que mais obras do autor recomendam?

Classificação:

sábado, 8 de agosto de 2015

Maratona Literária 24 em 7



No meu post sobre o balanço final da Maratona Literária de Inverno de 2015 questionei-vos se participariam numa maratona. Tive algum feedback e decidi então avançar com a ideia. O objectivo é avançar com as leituras que estão em atraso na estante.

A Maratona, humildemente chamada de ML24/7, terá a mesma base que as maratonas 24 horas, a única diferença é que durará uma semana. Não, não vão ler durante uma semana. Dentro de 7 dias, podem usar as 24 horas num só dia ou em dois dias (12 horas cada). Mais do que isso não é possível!

Para atiçar a competição, decidi que a Maratona será feita a pares. Isto é, cada pessoa irá maratonar com outra e vão competir em par. No fim, somam-me as páginas lidas de cada par e vence quem leu mais. Para além disso, dentro de cada par também irão competir para saber quem leu mais.

Os dois elementos de cada par precisam de maratonar no mesmo dia! Claro que não é obrigatório, mas a graça é estarem os dois a ler ao mesmo tempo, para assim se incentivarem um ao outro :) Quem não arranjar um parceiro, pode inscrever-se na mesma. No fim, quem não tiver ninguém junta-se a outra pessoa também sozinha.

A Maratona está prevista começar dia 17 e terminar dia 23 de agosto.